Imperecível «Sedução»
São raras as narrativas que resistem à poalha do tempo. Esculpida há 50 anos com fogo sobre a pedra, «Sedução» chega-nos na sétima reedição para comprovar o seu imperecível fulgor. O seu autor, José Marmelo e Silva (1911-1991), nascido na Beira Interior, na freguesia de Paul, Covilhã, seria, todavia, fechado num silêncio ensurdecedor, preço a pagar por uma obra original e vanguardista, difícil de se enquadrar nos movimentos literários da sua época, a Presença e o Neo-Realismo. Considerada «Obra-prima», por Baptista Bastos, narração da «força do desejo», por Urbano Tavares Rodrigues, um «livro de combate, um livro indisciplinador», segundo José Saramago, «Sedução» define, descarnando, a obsessão sexual, alcançando, arrojada e ironicamente, a repressão de uma sociedade machista e hipocritamente asséptica. Deixarmo-nos seduzir pela obra de José Marmelo e Silva começando pelo seu título de estreia é permitirmo-nos o espanto e a felicidade desmedida de uma leitura excepcional.
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