A chave da cidade para quem
fechou portas ao interior
Aproxima-se mais um 20 de Outubro.
Chega, uma vez mais, o momento de homenagem ao concelho, à cidade e às suas
gentes. Solenemente. Isto é, com seriedade, dignidade, elevação e intensidade.
O executivo da Câmara
Municipal da Covilhã (PS) decidiu por maioria, (não tendo o vereador da CDU participado
na votação), levar à prática uma decisão tomada no executivo PSD (Carlos Pinto)
de homenagear José Socrates juntamente com um conjunto de personalidades que se
destacam ou destacaram na vida do Concelho.
Sendo perfeitamente legítimo
o executivo da CMC homenagear personalidades que considere merecedoras desta
distinção, por de alguma forma, terem com a sua ação contribuído, para o
progresso, prestígio e dignificação do concelho, da cidade e da população, não
poderemos, contudo, ficar indiferentes quanto à renovada vontade de atribuir
mérito e honra a José Sócrates. O PCP, não pode deixar de expressar a sua
veemente oposição à homenagem a José Sócrates com a medalha de ouro e a chave
da cidade.
A chave da cidade a quem foi
responsável por políticas que promoveram a desertificação e o empobrecimento do
interior, nomeadamente do nosso concelho e do nosso distrito é um ato, no
mínimo, indecoroso.
Se não, vejamos...
Entre
2004 e 2009 o distrito de Castelo Branco perdeu 4% da sua população (cerca de 8
mil habitantes).
O PIB
por habitante manteve-se inferior à média nacional, não chegando aos 90%.
O
poder de compra do distrito, na esmagadora maioria dos concelhos variou entre
os 50 e os 63 pontos. O distrito representou apenas 1,5% do poder de compra
nacional, abaixo do peso da população do distrito no país (1,8%).
A
desindustrialização acentuou-se, encerraram e destruíram empresas que levaram à
perda de 7,7% dos postos de trabalho.
Quanto
aos salários e pensões, a remuneração base média mensal era de 681 euros, mas
uma grande parte dos trabalhadores apenas auferia o correspondente ao SMN. Só
Bragança e Guarda estavam abaixo de nós.
A
precariedade elevadíssima (26% em 2008) atingindo particularmente os jovens com
menos de 35 anos (38,8%), que eram mais de metade do total dos trabalhadores
precários. Nessa altura, o número de contratos a prazo aumentou 26%
relativamente a 2004.
Os
centros de emprego tinham cerca de 11 mil desempregados inscritos.
As
mulheres foram, tal como hoje, as mais duramente atingidas pelo desemprego (55%
dos desempregados do distrito).
O
número de desempregados de longa duração aumentou 22% em 2009, cerca de 41% no
total do desemprego do distrito.
Em dezembro
de 2010 apenas 48% dos desempregados do distrito de Castelo Branco tinham
acesso a uma prestação de desemprego, mais de 5000 não recebia qualquer apoio.
A par
deste drama económico e social os serviços públicos continuaram a ser alvo de
políticas que os desqualificaram e os encerraram: degradaram-se e desapareceram
escolas, extensões de saúde, postos de correio e GNR.
Entre
2005 e 2008 as transferências para os municípios foram insuficientes e chegaram
mesmo a estagnar em 2007 e 2008.
Este
foi o distrito (e o concelho) que José Sócrates deixou atrás de si. Um distrito
com futuro comprometido. Um concelho a agoniar, uma cidade em apneia.
Mas José Sócrates
foi também o responsável pelos PEC e pelas ofensivas brutais contra os direitos
laborais.
Desmantelou e atacou brutalmente a escola pública e o Serviço
Nacional de Saúde e as carreiras e retirou o abono
de família a milhares de crianças, levou ao retrocesso social, às privatizações
e à preparação de vários sectores estratégicos, como a água e os resíduos, para
entregar ao sector privado.
Foi no Governo de
José Sócrates que se deu início à introdução de portagens nas SCUT’s (A23 e
A25).
Foi corresponsável
pelo pacto de agressão assinado com a troika,
que nos trouxe a miséria e o retrocesso, mudando radicalmente a
vida dos portugueses... nunca o futuro dos portugueses (e das gerações
vindouras) esteve tão obscuro como agora. E estes efeitos foram ainda mais
devastadores nos distritos e concelhos do interior, como é o caso da Covilhã.
É um
despudor homenagear Sócrates no concelho da Covilhã. A chave que o executivo PSD (Carlos
Pinto) decidiu e que agora (PS) pretende dar a Sócrates, não só não consegue
abrir a porta que ele encerrou ao interior, como pretende branquear as
políticas que representa e que protagonizou.
A Comissão Concelhia da
Covilhã do PCP
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