Ex.mo Senhor Presidente
da Mesa da Assembleia Municipal,
Ex.mo Senhor Presidente
da Câmara Municipal,
Ex.mos Senhores
Vereadores,
Ex.mos Deputados da Assembleia Municipal,
Ex.mos Senhores convidados
Minhas Senhoras e meus Senhores,
O dia de aniversário da nossa cidade obriga-nos a um
momento de reflexão sobre o caminho percorrido, o momento presente e o futuro
que cada um de nós é responsável por construir, agindo no presente face à
realidade hoje vivida.
Sobre a história da cidade lemos no site da Câmara
Municipal que:
“A Covilhã tornou-se, desde a Antiguidade, num ponto de cruzamento de
estradas e caminhos. Foi conquistada e reconquistada várias vezes, chegando os
mouros a destruí-la quase por completo.
Estes acontecimentos levaram a que as gentes da Covilhã criassem o seu próprio município, segundo Alexandre Herculano, para se poderem organizar e defender.
A Carta de Foral à Covilhã, concedida por D. Sancho I, em Setembro de 1186, vem confirmar a sua importância como posto fronteiriço.
Os limites do alfoz (concelho), definidos pelo Foral, incluíam Castelo Branco e iam até ao Tejo, Portas de Ródão. É significativo.
Até ao final do reinado de D. Sancho II, a vila da Covilhã viveu o espírito de Reconquista, isto é, de luta contra os mouros. Foi capital do reino durante a Reconquista. Por várias vezes, o rei se instalou aqui com a corte.
Terminada que foi a Reconquista ou seja feita a paz com os mouros, as gentes da Covilhã passaram a organizar-se economicamente”.
O decreto régio, de 20 de Outubro de 1870, eleva a
Vila da Covilhã a Cidade, salientando a sua população e riqueza.
Salientando, ainda, a “ fecunda iniciativa de seus
habitantes na fundação e aperfeiçoamento de muitos e importantes
estabelecimentos fabris”.
Mas…. será que
a fundação e aperfeiçoamento de muitos e importantes estabelecimentos fabris se
traduziu na melhoria e qualidade de vida das populações?
Não… nada disso
aconteceu
Ferreira de Castro escreveu que “ os homens passavam
os dias e as noites dentro das fábricas só saindo aos domingos, para esquecer o
cárcere. Já não viam as ovelhas, nem ouviam o melancólico tanger dos seus
chocalhos nos pendores da serra, ao crepúsculo; viam apenas a sua lã, lã que
eles desensugavam, que eles lavavam, cardavam, penteavam, fiavam e teciam, lã por
toda a parte.
“ A industria ia crescendo sempre. Agora não eram
grandes apenas a casa do deus dos homens e as casas das fábricas; ao lado
destas, outras casas grandes tinham surgido – as residências dos industriais. E
todo o país falava da prosperidade da Covilhã.”
A maioria de nós tem conhecimento da vida na cidade e
nas freguesias do Concelho, antes do 25 de Abril.
A exploração na agricultura (trabalhava-se do nascer
ao pôr do sol) e nas fábricas com jornadas de trabalho longas e com baixos
salários.
Muitos se lembram do que significou, para a melhoria
da condição de vida dos trabalhadores e para a revitalização da economia local,
a implementação do salário mínimo de três mil e trezentos escudos, só possível
após o 25 de Abril e pelo contributo que os trabalhadores dos lanifícios da
Covilhã deram, com a sua luta e reivindicação, para a sua concretização.
Ao longo dos anos da democracia, com a implantação do
poder local, muito se melhorou na qualidade de vida das populações da nossa
cidade e concelho com a implementação de serviços públicos e criação de infra
estruturas de abastecimento de água, eletricidade, saneamento, arruamentos
pavimentados, saúde, o apoio à infância e ao idoso, com as redes de comunicação
e informação, a criação da rede de estabelecimentos de ensino públicos da Pré
ao Ensino Universitário e o Centro Hospitalar, entre outras.
Porém, ao longo dos últimos anos, os serviços públicos
criados por uns, que atingiram níveis de excelência, estão a ser encerrados e
degradados num processo de privatização que prejudica as populações, a economia
local e o interesse das populações e do país.
O encerramento ou privatização de serviços públicos na
Covilhã, nomeadamente na área dos CTTs, com o encerramento de Estações, na área
do apoio à Infância, com a privatização dos Jardins de Infância da Segurança
Social, na área do abastecimento público de água, jardins e saneamento básico,
na área da educação, com encerramento de escolas e na área da saúde com o
encerramento de extensões de saúde e o perigo de encerramento da maternidade
não nos podem deixar descansados e indiferentes.
Assim como, não podemos ficar impávidos e serenos,
face ao corte de salários e pensões, ao encerramento de empresas e aumento do
desemprego.
Em nome do futuro da nossa cidade, do concelho e do
País é necessário uma rutura com as políticas que têm agredido a população com
uma austeridade que só serve o capital financeiro e beneficia os grandes grupos
económicos.
É necessário uma política patriótica e de esquerda que
esteja ao serviço dos trabalhadores, das populações e do País.
Defendemos para o futuro da nossa cidade e do nosso
concelho:
Uma
Politica de DESENVOLVIMENTO que tenha por base:
A revitalização do tecido industrial que é
imprescindível à saúde económica e social do Concelho.
Uma prática agrícola modernizada e sustentável que é
garante de desenvolvimento económico e social do Concelho.
A educação e investigação promovidos na UBI, a saúde
liderada pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira e a indústria têxtil baseada na
tradição e inovação.
O investimento de base tecnológica que é indissociável
do desenvolvimento do Concelho.
Acessibilidades sem portagens porque são fator
catalisador e potenciador do desenvolvimento concelhio e regional.
O património e o turismo planeado e desenvolvido à
escala e em conformidade com todas as potencialidades do concelho e da região,
fomentando o desenvolvimento económico e social.
Podemos e devemos:
Potenciar a revitalização do tecido industrial
concelhio, criando incentivos à fixação, desenvolvimento e modernização.
Atrair e promover a instalação de empresas de elevado
valor acrescentado e geradoras de emprego qualificado e trabalho com direitos.
Promover a diversificação das atividades industriais e
de apoio ao setor, em particular, ao têxtil, vestuário e mineiro.
Criar Áreas de Localização Empresarial em várias
freguesias destinadas a acolher microempresas.
Estimular a introdução de tecnologias de elevada
ecoeficiência energética e das energias renováveis.
Implementar uma incubadora de empresas de base rural.
Criar um Programa de Apoio ao Comércio Tradicional,
estabelecendo parcerias e desenvolvendo esforços para a captação de
estabelecimentos âncora.
Criar um Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas,
financiado através da cobrança de Derrama.
Consolidar e desenvolver o ParkUrbis e o investimento
de base tecnológica.
Apostar nas tecnologias de informação e comunicação
como fator de desenvolvimento local integrando-a na rede de cidades digitais.
Promover a intensificação das relações do sistema
científico e tecnológico regional e local e as empresas contribuindo para a
transferência tecnológica e do conhecimento, a assimilação e desenvolvimento de
novas tecnologias aplicadas aos recursos e necessidades locais, bem como a produção
de produtos com elevados graus de integração de conhecimento.
Reivindicar a abolição das portagens nas A23, A24 e
A25.
Reivindicar a construção do IC6 para Coimbra sem
portagens.
Implementar um programa de requalificação e
beneficiação de estradas municipais.
Ampliar
o raio de divulgação das potencialidades culturais da Covilhã, desde roteiros
turísticos às ofertas artísticas e festivas, ao nível nacional e internacional,
de modo a catalisar o turismo cultural e, em consequência, a economia do Município.
Potenciar a UBI como polo dinamizador de atividades de
ensino não formal, como entidade promotora da cultura, da ciência, da arte, das
letras e do desporto junto da população mais jovem.
Incentivar a participação das escolas e da
Universidade da Beira Interior na animação e reabilitação urbana e ambiental.
Atribuir bolsas de estudo, mediante concurso público,
aos melhores alunos do Ensino Secundário, do concelho, promovendo o
prosseguimento de estudos na UBI (licenciatura, mestrado e doutoramento).
Criar bolsas de estudo, em articulação com a UBI, para
jovens investigadores que se debrucem sobre temas com incidência na realidade
local.
Assumir os espaços verdes públicos, nomeadamente os
parques urbanos e os jardins como elementos essenciais à qualidade de vida das
pessoas do município. Daí a necessidade de encetar esforços no sentido de
alargar e melhorar o que existe na cidade e no município
Elaborar o plano municipal de arquitetura paisagista e
desenvolvimento florestal.
Proteger o património ambiental do município.
Garantir serviços públicos ambientais de qualidade
(abastecimento e tratamento de água, recolha, deposição e tratamento de
resíduos, entre outros).
Criar as condições para o regresso ao controlo
exclusivamente municipal (capital 100% público), da empresa Águas da Covilhã.
Adotar uma política tarifária socialmente justa (água,
saneamento e resíduos sólidos), favorecendo a população mais carenciada e as
famílias numerosas.
Elaborar o Plano Municipal de Desenvolvimento
Florestal, fomentar e promover a investigação florestal.
Adotar uma política de solos independente dos
critérios dos operadores imobiliários e criar uma bolsa de terrenos municipais
de forma a combater a especulação.
Consolidar o
centro urbano.
Recuperar o perfil de cidade de montanha, aprovando
projetos de acordo com as caraterísticas essenciais de identidade e distintivas
da cidade, designadamente os sistemas de vistas, a sua relação com a serra e a
sua orografia.
Praticar um urbanismo de proximidade e detalhe
substituindo as grandes obras (para as quais não há financiamento nem
oportunidade) por pequenas que tenham impacto imediato e direto na qualidade de
vida das pessoas (passeios e mobiliário urbano, entre outros), numa lógica de
adequar, reconverter e melhorar o que existe.
Elaborar os planos de urbanização e os planos de
pormenor para zonas da cidade e freguesias e corrigir os que, manifestamente,
são de baixa qualidade.
Acelerar o processo de reabilitação dos centros
urbanos revalorizando a função habitacional nas áreas consolidadas.
Requalificar instalações fabris devolutas para a
instalação de serviços e equipamentos públicos.
Construir equipamentos coletivos nos bairros sociais.
Promover um programa de apoio e promoção da habitação
jovem no centro histórico e área central da cidade, bem como nas freguesias
rurais.
Intervir na recuperação do parque habitacional privado
que se apresente degradado, estimulando e concedendo apoio técnico e financeiro
aos proprietários e inquilinos.
Cooperar com a UBI com vista à elaboração de estudos e
soluções de qualidade urbana e arquitetónica.
Criar as Brigadas de Intervenção Rápida no combate a
incêndios.
Apoiar as associações de produtores florestais e
Juntas de Freguesia na criação e pagamento de brigadas de sapadores florestais,
além de promover o apoio à limpeza das florestas, taludes e bermas das estradas
e incrementar a fiscalização nesta matéria
Elaborar o Plano Estratégico Cultural e a Carta
Cultural Concelhia.
Criar um sistema integrado de equipamentos culturais
(bibliotecas, casas de cultura e centros cívicos) destinados ao conhecimento,
fomento e difusão da cultura, objetivando a participação das pessoas e
instituições.
Estabelecer incentivos à produção artística local.
Revitalizar os centros históricos mediante um plano
integrado, criando espaços para o desenvolvimento de atividades culturais e
alternativas, mercados de intercâmbio, centros de formação, artesanato.
Estas, entre outras, são propostas que, implementadas,
promovem o nosso desenvolvimento e bem estar, e a felicidade que procuramos ter,
no espaço e na urbe onde vivemos.
Viva a Cidade da Covilhã
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