domingo, março 14, 2010

Assembleia Municipal de 12 de Março de 2010

Partido Comunista Português

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA COVILHÃ

Dia 12 de Março de 2010


2.3 – Aquisição do TEATRO CINE


Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal

Exmos Senhores Vereadores da Câmara Municipal

Senhores Deputados

Congratulamo-nos com o facto da aquisição do Teatro Cine resolver uma etapa fundamental da vida deste edifício, tão importante para a Covilhã, por variados e bons motivos.
Com efeito, esta sala, projecto do arquitecto Raul Rodrigues Lima e cuja história não importa aqui evocar, que para além do seu valor arquitectónico unanimemente reconhecido, da sua localização preponderante na cidade, do seu significado de extensão regional, possui características designadamente acústicas e formais que o individualizam, acolheu os mais variados tipos de espectáculo e realizações sociais e políticas.
Mas, da mesma forma que sempre se desejou que o Teatro Cine pudesse escapar às ameaças de se ver transformado em algo que o descaracterizaria ou mesmo aniquilaria, também agora se exige que seja tratado conforme o seu valor arquitectónico a sua importância para a cidade e o concelho, ao ver-se objecto de obras de restauro e requalificação.
Necessariamente actualizando-se e preparando-se para prosseguir o exemplar desempenho da sua vocação, permitindo a realização de eventos de cada vez mais alargado espectro, devem no entanto ser obrigatoriamente mantidas as suas principais características porquanto se reconhece a importância das partes na definição do todo.
A arquitectura de qualidade, sabendo adequar-se às diferentes solicitações que as mudanças impostas pelos tempos vão trazendo, sobrevive largamente às gerações dos homens, aos gostos efémeros, às necessidades imediatas. Impõe-se nestes casos a humildade de nos sabermos apenas utilizadores temporários, logrando perpetuar também este legado, com base numa relação de respeito mútuo.

O PCP sempre defendeu a aquisição deste imóvel.
Antes do Centro de Artes
Antes do aluguer do imóvel
Antes da compra do Cine Centro

Sempre defendemos que o Teatro Cine tinha capacidade para dar resposta às necessidades sociais e culturais da nossa cidade e concelho; à necessidade de um espaço de reunião, de conferências, de espectáculos, de criação e fruição cultural.

Por esta razão tivemos dúvidas quanto ao processo do Centro de Artes, que delapidou milhares de euros ao município, e à solução do arrendamento do Teatro Cine.

O nosso voto favorável à aquisição do Teatro Cine não nos inibe, pelo contrário, reforça, a crítica que fazemos à actual gestão de não ter qualquer estratégia e planeamento para os equipamentos culturais e desportivos e de ser despesista em projectos, investimentos em equipamentos de duvidosa eficiência e eficácia tendo em conta a relação despesa/qualidade/utilização pública.

Esta é uma decisão acertada.



Esperamos que o desenvolvimento da intervenção no Teatro Cine seja de alguma forma assertiva, ou seja, sublinhando o que atrás referi:

“também agora se exige que seja tratado conforme o seu valor arquitectónico a sua importância para a cidade e o concelho, ao ver-se objecto de obras de restauro e requalificação.
Necessariamente actualizando-se e preparando-se para prosseguir o exemplar desempenho da sua vocação, permitindo a realização de eventos de cada vez mais alargado espectro, devem no entanto ser obrigatoriamente mantidas as suas principais características porquanto se reconhece a importância das partes na definição do todo”

É isto que esperamos que seja entendido pela maioria PSD!

Em anexo deixamos uma resenha histórico – construtiva do edifício

Os eleitos do PCP




Arquitecto | Construtor | Autor
ARQUITECTO: Raul Rodrigues Lima (1945-1946). ESCULTOR: Joaquim Correia (séc. 20). DESENHADOR: João Tavares (1954). FÁBRICA de TAPEÇARIA: Manufactura de Portalegre (1954).
Cronologia
1924 - neste terreno foi construído o antigo Teatro Covilhanense; 1942 - plano para a Praça do Município, circunscrita por vários edifícios concebidos após este período; 1945, 4 Abril - apreciação de um anteprojecto da autoria de Raul Rodrigues Lima; 1946 - projecto do actual edifício por Raul Rodrigues Lima, por iniciativa do proprietário da antiga sala, João Ferreira Bicho Júnior; 3 Janeiro - o projecto, após sofrer algumas alterações, visando a sua integração na praça, recebe aprovação por parte da Câmara Municipal; 15 Maio - aprovação definitiva do projecto; 1949 - o primitivo edifício ainda se encontrava em funcionamento; séc. 20, década de 50 - escultura dos relevos da fachada principal por Joaquim Correia; 1951 - as obras já se encontravam avançadas; 1953, 28 Fevereiro - na imprensa local o novo salão é elogiado, depreendendo-se que se encontrava praticamente concluído; 1954 - desenho de uma tapeçaria para a escadaria, por João Tavares, realizada na Manufactura de Portalegre; 31 Maio - inauguração oficial, com a presença dos Sub-secretários de Estado da Educação Nacional e da Assistência Nacional, Governador Civil e Presidente da Câmara Municipal, ficando o espectáculo a cargo da Companhia Amélia Rey Colaço / Robles Monteiro; séc. 20, anos 80 - encerramento do teatro; 1992, Outubro - contrato entre a Câmara e o proprietário para utilização e abertura do imóvel; 1999 - 2001 - arranjo da Praça do Município, conforme projecto de Nuno Teotónio Pereira e Paulo Guerra, integrado no Programa POLIS; Abril - contrato entre a CÂmara Municipal e o Cineclube da Beira Interior para o edifício poder ter uma programação diária.
Tipologia
Arquitectura cultural, do séc. 20. Cine-teatro com lotação máxima de 1095 lugares, situado em gaveto, de planta rectangular simples e cobertura em terraço, protegido por guarda que serve de remate ao edifício. Possui as fachadas rebocadas e pintadas, excepto os elementos estruturais em cantaria. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas: a de aparato, formando um dos limites da Praça do Município, com um tratamento de edifício residencial, marcado por arcadas inferiores, sacada superior e janelas jacentes no topo, e a da Rua Ruy Faleiro, usada para cargas e descargas e para o ingresso dos artistas, com a zona inferior pontuado por lojas e a superior por espaço cego, destinado a elementos para anúncios e respiradouros. Trata-se de uma fórmula cultivada por Rodrigues Lima nesta tipologia, passível de reconhecer em outros cine-teatros, como o Império (Lagos), o Avenida (Aveiro) ou o Messias (Mealhada). No piso térreo, marcado por amplo vestíbulo, possui um bar, um bengaleiro, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção e a escadaria de acesso à plateia, através de portas de verga recta, a uma sala de exposições e sanitários; umas escadas dão acesso ao balcão e "foyer", encontrando-se por cima deste um salão de festas. A sala é rectangular com tecto plano, com pequeno fosso e palco com acesso por escadas laterais.
Características Particulares
Teatro que conserva a organização espacial primitiva e boa parte do seu recheio, desde a cortina da boca de cena aos escarradores. No piso térreo destaca-se o bengaleiro, ainda com as fichas originais, bem como um bar, sobre o qual se situavam os escritórios da Direcção. Os volumes, cobertos por terraço de betão armado, forraram-se com uma linguagem decorativa que se pretendia regionalista, historicista e moderna. A entrada principal, abrigada por uma pala, situa-se no gaveto que une as duas fachadas visíveis, ladeada por uma ampla torre, que confronta com a do edifício dos CTT, remada por um coruchéu piramidal com esfera armilar e dois relevos, alusivos à Comédia e à Tragédia. A sala, além do balcão e dos dois camarotes, possuía frisas laterais, reservadas ao proprietário e familiares, que completavam a hierarquização social que a sala de espectáculos, já evidenciava no material dos assentos (de madeira na segunda plateia; almofadados na primeira plateia e balcão). Possui várias inscrições comemorativas.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes autónomas.
Materiais
Estrutura em alvenaria de granito, cantaria de granito e betão, parcialmente rebocado e pintado; modinaturas, colunas, portão, pináculos, esculturas, revestimentos em cantaria de granito; escadas e pilares em calcário negro; portas, guardas e pavimentos de madeira; guardas metálicas; vãos com vidros simples; alcatifa; cobertura da torre em telha.

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